Ismael Guiser faleceu semana passada em sua casa, em São Paulo, aos 81 anos. A data gerou algumas matérias e comentários sobre sua carreira, mas pouco se falou da dimensão de sua atuação na dança paulista.
Argentino nascido em Buenos Aires, Ismael veio ao Brasil para fazer parte do Balé do IV Centenário, em 1954, na comemoração dos 400 anos de São Paulo. Tinha qualificação e experiência que faltavam ao cenário local. Estranhou o modo como a dança acontecia por aqui, falta de estrutura, falta de bailarinos, falta de história. Mas esse ambiente representaria uma chance grande para um profissional como ele, que tentava solidificar sua carreira na Europa.
Como muitos de sua geração, mais do que a criação propriamente dita, sua grande contribuição está na persistência e na dedicação em ensinar, difundir e mostrar a dança. Por conta disso, além da escola que leva seu nome e chegou a ter cerca de 3 mil estudantes, esteve próximo ao teatro, à televisão e ao cinema. Aproximou-se de outros grandes nomes da dança e tinha um bom olhar para novos bailarinos. Com isso, ajudou a moldar a cara da dança em São Paulo, com sua força na década de 1970 e seu ápice na década seguinte.
Atualmente, dava aulas e se preparava para seu depoimento público para a TV Cultura. Estava sempre tão presente em tudo até hoje que sua morte parecia distante. Ele deixa uma lacuna.
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