segunda-feira, 31 de março de 2008

Alegrias do corpo

Estou grávida de sete meses e, durante toda a gestação, eu fiz aula do método Feldenkrais, que eu já fazia antes. Como sempre gostei de observar o corpo, suas mudanças e adaptações, a gravidez trouxe curiosidades e surpresas. Tenho medo dos extremos, de transformar esse tempo em algo mais exagerado do que posso suportar (tenho 34 anos, a gravidez foi planejada, a casa está legal. Enfim, eu me sinto um pouco incomodada com a bolha que se forma em torno desse tipo de mãe, quando se perde certa naturalidade). Tudo isso para dizer que as aulas me ajudaram a tornar os sete meses em algo mais tranqüilo e natural, como eu queria.

O corpo vai se adaptando e, no meu caso, muitas vezes, esquecia que estava grávida. A barriga não incomodava (e ainda não incomoda, apesar de estar grande), não pesava demais, não me impedia de nada. O mais interessante é perceber as alterações no equilíbrio, vou ficando mais para frente ou para trás conforme a posição; a falta de abdômen me dá mobilidade lateral, para levantar, posso rolar para o lado, para abaixar, giro mais o tronco; a possibilidade de integridade entre todas as partes do corpo, para ficar de cócoras ou agachada, as torções são mais solicitadas, por exemplo.

Eu me identifiquei desde o princípio com esse método porque acredito nesse corpo que se adapta e ganha com as novidades, respeitando os limites, não impondo padrões fixos, e facilitando os deslocamentos. Ainda faltam dois meses e tudo está caminhando para o parto normal que quero. O corpo tem dessas felicidades.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Os tempos clássicos

Há alguns anos, entrevistei a Roberta Marquez, bailarina formada pelo Teatro Municipal do Rio e hoje estrela do Royal Ballet em Londres, por canta da revista/livro Na Dança. Ela comentou um fato curioso para o Brasil. Quando foi escalada como primeira-bailarina convidada do Royal para dançar o papel principal de Giselle, alguns frequentadores do teatro passaram a escrever e a ligar para a organização para saber quem era ela. O que quero dizer é que esse tipo de atitude dimensiona a popularidade da dança por lá. Por isso, as livrarias especializadas recebem freqüentemente livros e DVDs de diversos assuntos ligados ao meio.
No Brasil, o acesso é infinitamente mais restrito. Os motivos são vários e de todas as ordens. Mas, a umas duas semanas atrás, encontrei na banca uma coleção que se chama O Melhor do Ballet, da Planeta DeAgostini, com aval de uma das mais reconhecidas bailarinas brasileiras, Ana Botafogo. São vídeos com os famosos balés de repertório. A primeira edição na banca traz uma versão do Royal Ballet para O Quebra-Nozes e um outro balé, Branca de Neve, coreografia de Ricardo Cué.
A primeira coreografia é, ao lado de O Lago dos Cisnes, uma das obras mais dançadas em todo mundo, em especial na época do Natal. Eu sempre acredito que essas obras são grandes palcos para os melhores bailarinos. Por isso, mesmo quem já viu algumas vezes, ainda consegue se encantar com as passagens e personagens um tanto caricatos. Em Branca de Neve, como não se trata de uma obra de repertório, faltam algumas informações no libreto, como a data da coreografia, pontos sobre a adaptação.
A iniciativa faz circular informações sobre a dança, mesmo que ainda esteja restrita aos grandes clássicos, com a possibilidade de oferecer a quem gosta a chance de ter uma videoteca com preços mais acessíveis. As gravações são de qualidade, com ótimos bailarinos. Vale a pena.


quarta-feira, 12 de março de 2008

São Paulo e sua companhia de dança


Há duas semanas, a São Paulo Companhia de Dança terminou suas audições para contratação de bailarinos. Estive na audição feminina em São Paulo, com mais de 250 bailarinas inscritas para a prova, entre profissionais e outras começando suas carreiras.
Apesar do clima de avaliação, da visível preocupação das bailarinas, a técnica ainda é a grande responsável pela aprovação ou não. Depois de um tempo, as pessoas que assistiam já conseguiam prever quem passaria.
Para a audição, a direção artística (Iraticy Cardoso e Inês Bogéa, adjunta) deu preferência para quem tinha formação clássica, mas que conseguisse transitar com boa fluência entre outras expressões. Não por acaso, algumas bailarinas que eram visivelmente melhores nessas modalidades também foram classificadas para a final.
A companhia deve ter esse perfil de grande trânsito, capaz de montar um clássico e dançar peças com exigências contemporâneas. A dança promete ficar maior no Estado.

De novo

Depois de quase seis meses, estou de novo às voltas com o blog. E a dança.