quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A dança de cada dia

A dança é uma das atividades curriculares de artes das escolas públicas e divide com a música o maior grau de dificuldade para professores. Para dar aulas de dança, é preciso recurso técnico, boa formação, mas para saber movimentar o corpo e usá-lo como ferramenta do dia a dia é preciso despertar para pequenas informações.

Duas atividades gratuitas para professores do ensino regular e arte-educadores mostram como o corpo é aliado na sala de aula. Não são cursos de formação, mas alimentam a consciência para o que anda esquecido em tempos atuais.

Um dos eventos é a Palestra com o Professor, da São Paulo Companhia de Dança, ministrada pela diretora Inês Bogéa, dia 19, às 10h, em São Paulo, na sede da Companhia, com o tema Vida de Bailarino.

O outro é o workshop com Ivaldo Bertazzo, já com as inscrições encerradas, para multiplicadores de seu método, nos dias 11, 18 e 22 de fevereiro.

Foto: Palestra com o Professor
crédito: Divulgação | Wilian Aguiar

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sapatilhas sem agonia

O balé clássico está sempre com os dias contados. Decretar sua morte ou sua inutilidade é provovação certeira de nossos dias.

Só remontar os grandes clássicos é desgastante, mas ficar sem eles é empobrecedor. No equilíbrio entre passado e presente, as melhores montagens procuram a essência, sem esquecer que os corpos são diferentes, as interpretações divergem e o tempo é outro. Há o desafio técnico desses grandes balés - como O Lago dos Cisnes, para usar o exemplo da moda - que se perpetua entre bailarinos, é verdade, e se vulgarizou em certa medida. Contudo, a dança ainda é uma arte que se transmite de corpo para corpo. Grandes companhias sabem disso e não montam uma obra sem um remontador oficial - quem viveu no corpo a técnica, a emoção, a intenção quase sempre em uma linha direta com o coreógrafo. É um dos belos encontros da dança e a história sobrevive nesse movimento entre gerações. Não vale a pena ficar sem esta parte da dança!
Foto: Ulyana Lopatkina and Danila Korsuntsev

Créditos: Natasha Razina and the Kirov/Mariinsky Ballet ©

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mais uma vez

De volta ao blog, sem nunca ter saído da dança.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Presente na dança


Há algum tempo tento postar alguma coisa sobre a série de programas Figuras da Dança, projeto nascido da São Paulo Companhia de Dança em parceria com a Fundação Padre Anchieta. Só agora consegui driblar o tempo e o cansaço. Vamos lá.
Memória da arte é coisa séria e os cinco programas iniciais, já transmitidos pela TV Cultura - Ivonice Satie (1950-2008), Ady Addor, 73 anos, Marilena Ansaldi, 74, Penha de Souza, 73 e Ismael Guiser (1927-2008) -, trazem o vigor do pensamento e da atividade artística de cada um deles, com diferentes intensidades. Mas não era apenas sobre os programas que queria falar.
No dia do lançamento, em um café-da-manhã na sede da companhia, na Oficina Oswald de Andrade, houve um encontro generoso entre passado e presente. Nos corredores, uma mistura de pessoas envolvidas com a dança de todas as idades, de diversas áreas, de vários lugares. No mesmo ambiente, na sala de ensaio, a companhia se preparava para o Programa 2, em cartaz em algumas cidades brasileiras, com ensaios das coreografias Les Noces (1923), de Bronislava Nijinska (1891-1972), Serenade (1945), de George Balanchine (1904-1983), e Entreatos (2008), de Paulo Caldas.
Havia nesse encontro uma mistura muito interessante, as pessoas se sentiam parte da companhia, envolvidas com a feitura de um momento determinante da dança paulistana. Antigos bailarinos, professores de dança, ensaiadores assistiam aos ensaios e ajudavam com observações sobre a coreografia. Uma idéia de companhia pública aberta, disposta a ouvir, sem perder sua proposta.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Novas seqüências


A vida com bebê é para valentes. Se você está envolvido diretamente, entre a afeição e as descobertas, o dia-a-dia é intenso. Tamanho empenho tem, claro, suas recompensas - e a natureza capricha na lente de aumento que coloca no olhar materno para não dar trégua ao amor. Por isso, cada conquista dos bebês é vista com a emoção de desbravadores.

Minha filha tem cinco meses e no seu desenvolvimento físico fico observando como o corpo vai estabelecendo suas relações. Primeiramente, tudo parece que flui bem, o encontro dos braços e pernas, o rolar. Os movimentos parecem macios, sem nunca ultrapassarem seus próprios limites. É interessante observar como o corpo trabalha para rolar de um lado para o outro, como os ossos e músculos estão ligados, e o prazer que uma nova posição oferece para ela. Uma nova sequência na minha vida.





segunda-feira, 26 de maio de 2008

Novos tempos

O blog entrou em licença-maternidade.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ismael Guiser e a dança paulista


Ismael Guiser faleceu semana passada em sua casa, em São Paulo, aos 81 anos. A data gerou algumas matérias e comentários sobre sua carreira, mas pouco se falou da dimensão de sua atuação na dança paulista.

Argentino nascido em Buenos Aires, Ismael veio ao Brasil para fazer parte do Balé do IV Centenário, em 1954, na comemoração dos 400 anos de São Paulo. Tinha qualificação e experiência que faltavam ao cenário local. Estranhou o modo como a dança acontecia por aqui, falta de estrutura, falta de bailarinos, falta de história. Mas esse ambiente representaria uma chance grande para um profissional como ele, que tentava solidificar sua carreira na Europa.

Como muitos de sua geração, mais do que a criação propriamente dita, sua grande contribuição está na persistência e na dedicação em ensinar, difundir e mostrar a dança. Por conta disso, além da escola que leva seu nome e chegou a ter cerca de 3 mil estudantes, esteve próximo ao teatro, à televisão e ao cinema. Aproximou-se de outros grandes nomes da dança e tinha um bom olhar para novos bailarinos. Com isso, ajudou a moldar a cara da dança em São Paulo, com sua força na década de 1970 e seu ápice na década seguinte.
Atualmente, dava aulas e se preparava para seu depoimento público para a TV Cultura. Estava sempre tão presente em tudo até hoje que sua morte parecia distante. Ele deixa uma lacuna.