quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ruth Rachou e a dança em São Paulo


A Galeria Olido, em São Paulo, presta homenagem nesta semana aos 80 anos da bailarina e professora Ruth Rachou. Vir a ser, espetáculo que será apresentado de sexta a domingo a coloca próxima de seus alunos e seguidores. Na próxima semana, a sala Crisantempo recebe o mesmo espetáculo.

Ruth Rachou faz parte da geração que apareceu pela primeira vez com o Balé do IV Centenário (um marco decisivo na história da nossa dança). Depois do precoce fim da companhia, participou de vários grupos e montagens, até criar sua própria escola, em 1972, onde até hoje é responsável pela disseminação da técnica moderna de Martha Graham. Mais do que isso, ela fortaleceu a carreira de outros importantes nomes da dança, como Célia Gouvêa, Mara Borba e José Possi Neto.

No livro Dança Moderna (São Paulo, Secretaria Municipal da Cultura, 1992) a pesquisadora Cássia Navas faz uma interessante relação entre o nascimento da dança moderna e o da dança paulista. Ela escreve assim:

“Isadora Duncan (1877-1927), Maud Allan (1880-1945), Loie Fuller (1862-1928), Ruth Saint-Denis (1879-1968), Mary Wigman (1886-1973), Martha Graham (1884-1991), Doris Humprey (1895-1958). Na gênese da dança moderna, a maior parte de seus construtores era mulheres. Várias pesquisas tentam dar conta do porquê desta especificidade, sem, contudo, excluir de suas considerações o papel dos homens na modernização da linguagem. Esses estudos apontam para possibilidades diversas, como a ligação entre os movimentos feministas da virada do século e a primeira geração da dança moderna. Quando se pensa na experiência paulista na dança, esta característica histórica salta aos olhos: professoras, coreógrafas e bailarinas modernas espalharam suas práticas e idéias na cidade, atuando em campos diferenciados das artes, educação e cultura. Funcionaram como matrizes de inquietações e novidades, influenciando, através de suas aulas, espetáculos e palavras, algumas gerações de artistas da capital.”

Ruth Rachou pertence a essas mulheres pioneiras, que trouxeram investigações e disseminaram novas formas de olhar o corpo e a dança. Seu trabalho e persistência merecem essa e outras comemorações.

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