sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sem perder chances


Paula Penachio e Marcelo Gomes
Foto: Willian Aguiar |Divulgação São Paulo Cia de Dança

Paula Penachio não perde chances na vida, no caso dela, na dança. Apesar de não ter o físico ideal para o balé clássico, ela usa suas qualidades para ser ideal na cena. Não por acaso é a partner de Marcelo Gomes em Tchaikovsky pas de deux (1960), de George Balanchine, na apresentação deste fim de semana da São Paulo Companhia de Dança, no Teatro Alfa. Quer saber mais? Na Revista de Dança

domingo, 21 de agosto de 2011

Dança em família

Aracy e Guivalde de Almeida, mãe e filho, estão à frente da Especial Academia de Ballet. Neste fim de semana, comemoram os 40 anos da escola com talentos que já passaram por lá. Na Revista de Dança, Guivalde, que agora cuida da escola paulistana, nos conta seu olhar sobre ensinar dança no Brasil. Não percam! 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Deus está nos detalhes

Marcelo Gomes, bailarino brasileiro, estrela do American Ballet Theatre, dança no Brasil no fim do mês com a São Paulo Companhia de Dança. Ele é bonito em cena e bonito pessoalmente. O mais importante: é também delicado, dedicado e gentil com quem trabalha e nos ensaios. Quer saber um pouco mais? Veja na Revista de Dança.
Marcelo Gomes em ensaio na SPCD.
Foto: divulgação | SPCD

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mar sem fim do Grupo Corpo

O Grupo Corpo estreia novo trabalho, no Teatro Alfa, em São Paulo, Sem mim, coreografia inspirada nas  canções do Ciclo do Mar de Vigo, de Martín Codax, do século XIII – testamento e sobreviventes da tradição da região na época, o trovadorismo nas chamadas “canções de amigo”. 
O coreógrafo Rodrigo Pederneiras usa destas cantigas líricas o movimento de quem se debruça sob o mar, o que ele traz, o que leva, o que é saudade e violência. Saiba mais na Revista de Dança.
Sem mim, Grupo Corpo.
Foto: José Luiz Pederneiras

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Jovens bailarinos

Daniela Cardim, bailarina e coreógrafa brasileira, conta sobre seu olhar em jovens talentos no Festival de Joinville. Veja também uma entrevista com o diretor do Festival, Ely Diniz. Tudo na Revista de Dança.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Balé da Cidade de São Paulo

De volta ao Teatro Municipal de São Paulo, o Balé da Cidade apresenta seu segundo programa este ano. Duas estreias, Nos outros, da diretora Lara Pinheiro, e Cidade incerta, do português André Mesquita. A noite se completa com Divineia (2001), de Jorge Garcia, ex-bailarino da companhia.
Um elenco renovado, versátil, com capacidade e energia para muitos papéis. Vale a pena assistí-los. Para saber mais, uma matéria na Revista de Dança.
Nos outros, de Lara Pinheiro
Foto: Sylvia Masini | Divulgação

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Bailarinos e cidadãos

Patrícia Otto é professora da Escola de Dança do Teatro Guaíra há cerca de 20 anos. Foi lá também que se formou. Seu desejo de uma formação completa, fez com que buscasse outras fontes para auxiliar seus alunos. Ela não quer apenas bailarinos, quer cidadãos. Corajosa, jovem e competente, ela é a professora entrevistada da Revista de Dança na série de formadores no Brasil. Vale a pena ler o que ela tem para contar!

Patrícia Otto, professora da Escola de Dança do Teatro Guaíra
Foto: acervo da artista

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fred Astaire

Para encerrar o mês do sapateado, fiz um comentário sobre o bailarino americano Fred Astaire e sua magia em cena. Na Revista de Dança. Veja lá.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Manoel Francisco e a arte de ser múltiplo

Com proporções para o balé clássico, Manoel Francisco foi "descoberto" por professores em Curitiba. Apaixonou-se pela dança, dedicou-se como profissional desde muito cedo. Viveu e vive da dança, ou melhor, da arte. Hoje ele é o primeiro e único artista dirigido por Nana Caymmi no show Toma um trago e lava o coração e é professor de clássico no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Quer conhecê-lo melhor? Veja a matéria na Revista de Dança.

Manoel Francisco no camarim. Foto: acervo do artista

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O musical entre nós


Kika Sampaio fez história na dança no Brasil com persistência. É diretora e professora da Kika Tap Center e também coreógrafa. Desde 1988, atua em musicais. Tem uma bela história para contar que você pode ler na Revista de Dança.

Kika Sampaio | Foto: acervo da artista

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Crítica American Ballet Theatre

De Nova York, Marcela Benvegnu analisa a apresentação de Dom Quixote, na versão do American Ballet Theatre, com a argentina Paloma Herrera e o cubano José Manuel Carreño nos papéis de Kitri e Basilio. Ela também observa que o elenco não acompanha a beleza dos solistas. Uma noite de gala, acompanhada pela Revista de Dança.
Paloma Herrera em Dom Quixote | Foto: Mira © Copyright 2010 Ballet Theatre Foundation

Alegria da dança

Carolina Amares, atualmente bailarina do Grupo Corpo, responde lindamente a uma pergunta sobre alegria de dançar. Na Revista de Dança.

sábado, 14 de maio de 2011

Comentários sobre Paraíso Perdido

Esta semana, na Revista de Dança, comentários sobre a primeira coreografia do ano do Balé da Cidade de São Paulo, Paraíso Perdido, do grego Andonis Foniadakis. No link, você pode ver a crítica completa.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Olhar a dança

Os fotógrafos de dança nos concedem a beleza da dança em instantes que, muitas vezes, os olhos deixam escapar. João Caldas, um dos grandes nomes da fotografia de dança no Brasil, conta na matéria para a Revista de Dança sobre olhar a dança através das lentes, seus desafios e histórias com a dança. Vale a pena.

Cena de Clara Crocodilo,
um dos marcos na carreira do fotógrafo

terça-feira, 10 de maio de 2011

A dança em 3D

Na Revista de Dança, Marcela Benvegnu narra sua experiência de ver Giselle (1841), de Jules Perrot (1810-1892) e Jean Coralli (1779-1854), com música de Adolphe Adam (1803-1856) e libreto de Théophile Gautier (1811-1872), em 3D no cinema, com os bailarinos do Companhia do Teatro Mariinsky, tendo como solistas Natalia Osipova e Leonid Sarafanov e direção artística de Valery Gergiev.
Natalia Osipova | Divulgação

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Balé da Cidade de São Paulo

Na Revista de Dança, uma matéria sobre a estreia do Balé da Cidade de São Paulo, Paraíso Perdido, de Andonis Foniadakis. A diretora Lara Pinheiro fala dos limites físicos e artísticos para os bailarinos nesta criação.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Antes, a sala de aula

Ricardo Scheir | Foto Amir Sfair Filho
Há algum tempo, estou pensando em uma série sobre professores e formadores no Brasil. Por trás da cena, eles ajudam a delinear a dança e, quase sempre, imperceptíveis ao público. Entrevistei Ricardo Scheir, do Pavilhão D, de São Paulo, para o Revista de Dança (http://www.revistadedanca.blogspot.com/) e, confesso, entrar neste universo é fascinante. O olhar agudo, com disposição para compartilhar conhecimentos, expor qualidades, tratar de defeitos, tudo isso faz parte de um dia a dia intenso, mas também prazeroso. Vale a pena ler a entrevista!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mayara Magri

Na Revista de Dança um texto de Marcela Benvegnu sobre a bailarina Mayara Magri, a bailarina brasileira que tem encantado plateias com sua técnica e graça. Ela tem 17 anos e ganhou bolsa do Royal Ballet, em Londres, para seguir carreira. Saiba isso e mais no link acima.

Mayara no Prix de Lausanne, em fevereiro
variação de Coppelia | Divulgação Prix


terça-feira, 26 de abril de 2011

Velho sonho

Na semana do Dia Internacional da Dança, que é comemorado dia 29 de abril, consegui transformar um antigo plano em ação, a Revista de Dança (http://www.revistadedanca.blogspot.com/) está no ar. Para começar, uma matéria com fotógrafos de dança, uma entrevista com Li Cuxin, autor de Adeus, China - O Último Bailarino de Mao, e muitas outras ideiais.
Vão lá!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Novidades

Em breve, muitas notícias sobre dança. Estou trabalhando e coloco no ar daqui a pouco.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bailarinos

Alguns bailarinos me fazem vibrar antes da hora. Estou curiosa (e ansiosa) para ver meus queridos bailarinos da São Paulo Companhia de Dança. A temporada começa amanhã e não consegui ver ensaios ou fazer entrevistas. Mas não poderia deixar de dizer que estou torcendo imensamente, que meu coração está sempre perto. Eles são incríveis.

Minha "mexicana" favorita Renata Bardazzi em Inquieto. Foto: Silvia Machado
Para quem ainda não sabe, a estreia da nova temporada acontece amanhã, no Sesc Pinheiros, com Theme and Variations (1947), de George Balanchine, Legend (1972), de John Cranko, com remontagem de Richard Cragun, e Inquieto (2011), coreografia inédita de Henrique Rodovalho.

Casal incrível, Ed Louzardo e Paula Penachio, em Legend. Foto: Silvia Machado
Mais comentários depois da estreia. Na próxima semana também vou participar dos programas educativos e de formação de plateia paralelos.

Mais informações: saopaulocompanhiadedanca.art.br

São Paulo Companhia de Dança no SESC Pinheiros

Dias 26 e 27 | Sábado, às 21h, e domingo, às 18h
Dias 31 de março e 1, 2 e 3 de abril | Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h
Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros
Os ingressos custam R$ 15; R$ 7,50 (usuários matriculados, idosos com mais de 60 anos, estudantes com carteirinha, professores da rede pública, usuários MIS); R$ 5 (trabalhador do comércio e serviços matriculado).

Angel Vianna

Eu a conheci pessoalmente ano passado, por conta do documentário Figuras da Dança, projeto da São Paulo Companhia de Dança, em sua homenagem. Já a tinha visto no palco, mas essa aproximação me deu outra dimensão. Minha admiração profissional também se tornou admiração pessoal.

Angel Vianna é agitada e curiosa; mais importante, tem generosidade com quem está ao seu lado. Até hoje se interessa em saber mais pelo corpo, sua ferramenta de vida e de trabalho. Conseguiu, contrariando todas as burocracias, abrir uma Escola e Faculdade de Dança no Brasil, no Rio de Janeiro, que leva seu nome. Em grande medida, a dança contemporânea da cidade deve muito à sua atuação, não são poucos os nomes que passaram por suas aulas.

Outra parte de seus alunos atua em áreas da saúde, como hospitais e clínicas de recuperação motora. Há outros que só querem ter o prazer de fazer uma aula da Angel e eles têm o privilégio de conhecer um pouco mais sobre movimentos, sentimentos e respeito aos desafios pessoais. O teatro brasileiro também é devedor de sua inteligência e disposição para encontrar meios de expressão do corpo. Na década de 1970, fez da preparação corporal um caminho de comunicação e influenciou toda uma geração.

Aos 82 anos, 62 de carreira, Angel Vianna volta à cena e divide o palco com Maria Alice Poppe, sua ex-aluna, em coreografia de João Saldanha. O espetáculo Qualquer coisa a gente muda será apresentado em São Paulo, em curta temporada no Sesc Belenzinho. Nesse diálogo entre gerações da dança, elas encontram um modo de unir sensibilidade e memória, cada uma a seu modo.

Angel Vianna tem papel fundamental na história da dança no Brasil e vale a pena ver de perto o que tem a dizer.

Informações:

A capacidade do Teatro do SESC Belenzinho é de 392 lugares. Porém, este espetáculo se inicia com um prólogo de 8 minutos, limitado a 150 pessoas. O acesso ao teatro acontecerá 20 minutos antes para as 150 primeiras pessoas, por ordem de chegada. Depois de terminado esse pequeno prólogo, o público geral poderá acessar o teatro para o início do espetáculo. Local: Teatro Duração: 45minutos

R$ 24,00; R$ 12,00 (usuário matriculado, a partir de 60 anos e estudantes). R$ 6,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes, a partir de 60 anos e estudantes). Dia(s) 25/03, 26/03, 27/03 Sexta e sábado, às 21h e domingo às 18h.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A vida em companhia

Ainda não vi Cisne Negro, de Darren Aronofsky, com Natalie Portman. Mesmo assim, pelo que li, o filme me fez pensar em alguns pontos da vida de bailarino. Um deles, os testes quase diários a que são submetidos, as audições, a escolha de elenco, o desejo de dançar sempre. Como se escolhe um ou outro para um determinado papel?

Durante os dois anos que trabalhei na São Paulo Companhia de Dança, acompanhei mais de perto o dia a dia dos bailarinos e, entre aulas e ensaios, me envolvi pessoalmente com suas histórias, suas emoções, suas alegrias. Nesse tempo, passei por duas audições. Era uma expectativa receber currículos, vídeos e fotos de estudantes ou profissionais tentando uma vaga. Esta apresentação virtual selecionava os que poderiam vir para a segunda fase. A competição é dura e tem um pouco de sorte do momento: dependendo do ano, precisa-se de um tipo específico de bailarino, mais alto, mais baixo, mais homens ou mais mulheres.

Da lista de centenas, apenas 60, em média, chegavam para as provas na Companhia, 30 homens e 30 mulheres. Algumas etapas, aula de balé clássico, aula de moderno, sequências do repertório. A cada uma, novos cortes. No fim, apenas cerca de 10 são selecionados. Era uma alegria ver os que ficavam. A sensação de conquista é gratificante.


Nielson Souza. Foto: Silvia Machado
Contudo, é apenas o primeiro passo. A grande prova está por vir. Quando chegam às aulas e aos ensaios iniciais, a provação é bem maior. Eles começam a ser comparados aos outros profissionais que estão há mais tempo no grupo. Ganhar um papel especial, ser primeiro elenco, ter chances de mostrar seu talento são questões que fazem parte da profissão. Estão sozinhos e geralmente começam a carreira aos 18, 19 anos. Claro que nem sempre há o peso da personagem de Natalie Portman, mas é preciso uma inteligência diferente, que transita entre a perfeição técnica e o entendimento de cada um para carga de informações de professores, ensaiadores e coreógrafos.

Como se destacar em um meio no qual todos querem mostrar o melhor? Márcia Haydée, a grande bailarina brasileira, conta que, quando teve sua primeira chance profissional, no Balé do Marquês de Cuevas, ainda no corpo de baile, aprendeu todos os papéis, do conjunto aos solos. Foi assim que uma noite em Paris, quando as quatro solistas ficaram doentes, ela teve a chance de dançar um papel solo. Recebeu uma promoção em seguida. Não parou mais.

Gostaria e tive a permissão de falar de dois casos, que vi pessoalmente e são cada vez mais lindos no palco: Juliano Toscano, de Santa Catarina, e Nielson Souza, da Bahia. Os dois entraram na São Paulo na temporada de 2010. O que me chamou atenção desde o princípio foi: os convidados que entravam na sala de ensaio – e não são poucos – sempre perguntavam: quem são? Como eram aspirantes, não tinham grandes destaques, mas começaram a trabalhar rápido.

Nielson me disse sobre o primeiro dia de aula: "O primeiro dia de aula foi assustador, até porque tudo que é novo assusta de alguma forma. Sempre tive contato com muitos bailarinos de todos os gêneros, raças e desenvolvimento técnico. Mas,quando entrei na SPCD, fiquei intimidado pelo nível altíssimo do elenco e a forma como a dança estava presente na vida de cada um. Foi desafiador. Cada dia, cada aula, cada ensaio. Acredito que, como tantos outros, foi mais um degrau que tive que subir."

Juliano tem perfil mais clássico, Nielson, veia mais contemporânea. Mas os dois transitam entre as linguagens propostas pela Companhia. Cada um ao seu modo, o que vi foi uma incansável dedicação de ambos, sem muito alarde, sem falar demais. Eles aprenderam tudo o que podiam e, em menos de dois meses, estrearam em papéis de coreografias do repertório. E foram crescendo, se destacando. “Quando entrei, pensei, tenho que aprender tudo o que me pedirem. Isso me ajudou porque, a qualquer momento, poderia ser escalado para dançar e tive a oportunidade de mostrar meu trabalho muito rápido. Foi muito bom para mim dentro da Companhia”, me contou Juliano.

Juliano Toscano. Foto: Silvia Machado
Driblaram suas dificuldades, aquele mal-estar de iniciar uma carreira (mesmo quem não é bailarino já deve ter sentido isso) e, agora, em 2011 estão no primeiro elenco em diferentes coreografias da Primeira Temporada da Companhia, que acontece no fim do mês (falo disso muito em breve): Juliano em Theme and Variations, também ensaia Tchaikosky Pas de Deux (que eu ainda não vi com ele), ambas de George Balanchine. Nielson dança Theme and Variations e Inquieto (estreia), de Rodovalho.

Pergunto sobre como conseguir se destacar em uma situação como a deles. “Acho difícil falar em destaque, ainda mais quando olho para o lado e vejo os bailarinos que tenho à minha volta. Sempre fui muito tímido e observador. Consigo absorver e extrair tudo que possa ser proveitoso para minha vida, e com a dança não é diferente. Quando cheguei, me perguntava se estava no lugar certo, se tinha condições de estar ali. Sempre fui muito autocrítico. Os primeiros meses serviram para me firmar como parte de tudo aquilo, ou melhor, me sentir parte de tudo aquilo. Depois foi bem mais fácil, só precisava fazer umas das coisas que mais amo na minha vida. E, pode soar meio piegas, mas tudo que a gente faz com amor, é incrivelmente bom!”, fala Nielson.

O que quero dizer é, longe dos cenários, figurinos e maquiagem, a sedução da dança é no esforço sem holofotes do cotidiano, com energia e disposição. Nem sempre o mais talentoso segue em frente, sem se dedicar, sem se envolver diariamente com a dança. Não é tarefa para amadores, mesmo eles sendo, na grande maioria, tão novos. Por isso, minha admiração pelos dois bailarinos citados aqui.

Só no blablablá

Para nossa sorte, Samuel Kavalerski resolveu dançar mais um pouco. Ele é ótimo bailarino (sabe a medida entre seu deslocamento, sua intensidade e, claro, sua técnica), também é lindo. Está no elenco de Inquieto, coreografia de Henrique Rodovalho para a São Paulo Companhia de Dança com estreia dia 26 de março, no Sesc Pinheiro, em são Paulo. Muito importante, é meu amigo e foi meu professor!!!!!!!

Samuel Kavalerski e Renata Bardazzi no pas de deux de Gnawa. Foto: João Caldas

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dois prá lá, um prá cá

Um passo, a dança. Uma dança, o passo.


Em Pas de danse (http://www.sintomnizado.com.br/pasdedanse.html), projeto do bailarino Samuel Kavalerski, o movimento aparece com o deslizar do mouse, no estreito espaço entre duas figuras, e depende da velocidade e vontade de quem está observando. A sequência e a ligação dos 11 pas nos levam a questionamentos bem-humorados e inteligentes da dança, no projeto que começou há alguns anos, mas que ainda inquieta. Para sempre plié?, nos deparamos em algum momento.

Pas de danse tem a tradução literal como “passo de dança”, mas “pas”, em francês, também é advérbio de negação. Nesse caso, teríamos “não dança” ou “sem dança”. Samuel joga nessa linha delicada entre a dança e sua falta; entre humano e intermediações eletrônicas.

Samuel Kavalerski é bailarino. E inquieto. Passou pela Balé do Teatro Guaíra, pela Quasar Cia de Dança, de Goiânia, e pensou em parar de dançar. A decisão estava tomada, mudou-se para Paris. Ficou sabendo da audição para a São Paulo Companhia de Dança e resolveu dançar mais um pouco.

A seguir, uma pequena entrevista sobre o projeto em que dança e internet se apresentam em um diálogo possível.
Gostaria que contasse um pouco como surgiu o projeto

Já há um tempo eu trabalhava com um programa de animação e criação de web sites chamado Flash. No meu trabalho de conclusão do curso de Artes Visuais eu desenvolvi uma animação interativa, chamada O Corpo do Príncipe (www.sintomnizado.com.br/ocorpodoprincipe.html). Ali, a dança era o tema do meu trabalho. Eu usava a linguagem da internet e a sua principal especificidade, a interação, para falar de dança e de um dos estereótipos do balé clássico.

Depois desse trabalho, eu sempre fiquei imaginando como eu poderia criar algo que fosse tanto um website quanto uma coreografia. Eu não queria só usar a dança como tema de um site, eu queria fundir as linguagens, falar de interação e de dança simultaneamente.

Em 2007, quando eu saí da Quasar, fui morar em Paris com o objetivo claro de não dançar mais. A minha relação com a dança tinha se esgotado de uma maneira bem intensa. Acho que uma parte importante do conceito de "não dança" do trabalho vem desse sentimento. Nesse período que eu passei na França, eu tinha muito tempo livre. Andava pela cidade enquanto pensava muito sobre muitas coisas. Aos poucos foi se consolidando o formato do Pas de Danse: a ideia de uma dança formada por fotografias, como uma animação em stop motion, cujo ritmo e velocidade seria dado pela interação de quem fruísse a obra.

Quando um passo de dança é uma não-dança?

Acho que, na vida real, qualquer passo pode ser uma dança. Basta alguém declará-lo.

No mundo dança, fala-se muito da importância dos passos de ligação. Seria nesse "entre" das formas que moraria a essência da dança, nesse caminho entre uma pose e outra. Eu gosto bastante dessa ideia e dou muita importância a isso. O que acontece com o Pas de Danse é que a sequência de imagens cria a ilusão de dança, mas lhe falta justamente a ligação entre as poses, lhe falta a essência da dança, o movimento. E por ser contra, por ser o oposto e se denominar "não-dança", ele passa a sê-lo.

O que é importante na dança para você?

Ultimamente tenho dado muita importância para a beleza. Acho que o mundo contemporâneo tende a nos levar para dois pontos perigosos: uma tecnicidade quase mecânica e uma conceitualização que parece funcionar como um repelente. São tendências cujos valores são essenciais e reconhecidos, mas acho triste quando elas pretendem tomar conta de tudo e acabam transformando a arte em algo frio e desinteressante. Tenho me sensibilizado com coisas belas, não no sentido matemático de proporções ideais, mas sim no que a beleza tem de sublime, de encantador. São situações raras, na maioria das vezes impalpáveis, mas valem muito a pena.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Comentários sobre Antonio Nóbrega

Ainda sobre Antonio Nóbrega. Fui à aula-show indicada no post anterior (como disse, ela deve percorrer 15 cidades brasileiras) e durou cerca de 1h30. Ele sozinho no palco, entre instrumentos, cenário e um computador (sim, suas referências estavam anotadas).

Há seu carisma, claro, que nos faz cúmplices do que tem para contar. Mas me impressionou dominar o palco de um jeito aparentemente natural, sem outros recursos além do que tinha para contar. Quem consegue dançar em círculos e ser grandioso, sem afetação? Pois Nóbrega, logo no início, faz isso dançando e evocando o que ele chama das três matrizes da cultura brasileira: indígena, europeia (Portugal) e africana.

Ele tem o que dizer, ele tem o que dançar e sua dança me cativa. Conhecedor e inquieto com essa formação das danças brasileiras, ele conseguiu abrigar em seu corpo as nuances de várias vertentes, como frevo e capoeira, e criar um modo único de se mover, rico e instigante. Tamanha habilidade faz seus movimentos leves e elegantes, um Fred Astaire contemporâneo. E parece fácil, uma brincadeira com o corpo. Há um recurso que me chamou atenção desta vez, o uso do ataque para começar um movimento, que desacelera gradualmente em sua sequência, até outro passo firme. Assim, ele brinca no espaço que faz grande.

Sempre quero ver mais.

Antonio Nóbrega. Foto: Walter Carvalho

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sonho

Antonio Nóbrega
Há dias que acordo e gostaria de dançar como ele. Seu trânsito, que o fez reconhecido artista, entre o erudito e o popular é sempre cheio de belezas.
Uma dica. O músico e dançarino Antonio Nóbrega apresenta uma aula-espetáculo Mátria: Uma Outra Linha de Tempo Cultural, no Itaú Cultural, nesta quarta, 23 de fevereiro, 20h, em São Paulo. Até junho segue para outras 15 capitais brasileiras.

Para quem se interessar, mais informações: http://www.itaucultural.org.br/

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Passagem

O som do piano, quando passo em frente a alguma escola de dança, me leva a lugares imprevistos da memória. Sinto um pouco a alma da dança nesses momentos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Espaço da dança no cinema


O espaço e o tempo, um assunto caro à dança, neste curto filme de Maya Deren (1917-1961), A Study in Choreography for Camera, 1945. Os primórdios do cinema experimental com o bailarino Talley Beatty.

Invadir espaços, editar o tempo, e a dança a serviço do cinema. Maya conhecia dança e cinema e apostou no diálogo entre movimento e plano.

A câmera de 16 mm, comprada em segunda mão, foi seu suporte nos filmes que a tornaram referência desse modo de encarar o cinema na década de 1940.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Fotos da Luiza

Durante dois anos, a Luiza Lopes andou atrás de mim pedindo fotos. E eu dizendo que nem sempre era possível por conta dos direitos autorais, etc. etc. Ironia do destino, para fazer o post sobre a São Paulo Companhia de Dança eu pedi para publicar uma foto dela. Ela foi muito melhor do que eu, disse que poderia usar na hora. Precisava e queria agraceder.

A Luiza é um dos destaques da Companhia, tem físico invejável, braços e pernas longas, esbelta e ótima extensão. Durante os mesmos dois anos, eu sempre dizia: "concentração, Lu, concentração para você superar isso ou aquilo". Contudo, nada disso seria importante se ela não tivesse um enorme prazer em dançar. No palco, ela tem uma energia que toca a plateia e faz com que todos vibrem com ela.
Eu continuo dizendo, "concentração, Lu, concentração!"




Tchaikovsky pas de deux, de Balanchine | Foto: divulgação| Reginaldo Azevedo

SPCD, saudades

Elenco SPCD 2011, com Richard Cragun. Foto: Luiza Lopes 

No fim de semana, encontrei Iracity Cardoso e Inês Bogéa no teatro. Todas fomos ver o Balé do Teatro Castro Alves.
Nesse ambiente, senti saudades das temporadas passadas, quando trabalhava na São Paulo Companhia de Dança. Senti falta principalmente das horas antes de abrir as portas ao público, quando a ansiedade e expectativa davam frio na barriga. Torcia (e torço) pelos bailarinos porque acompanhava o dia a dia, sabia quase todas as histórias e era impressionante a transformação no palco. Tem nova temporada em março.

Merde, queridos! Em breve dou notícias sobre as duas estreias.
  

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Balé Teatro Castro Alves | Crítica

A Quem Possa Interessar. Crédito: Divulgação
A Quem Possa Interessar é a coreografia de Henrique Rodovalho feita sob encomenda para o Balé Teatro Castro Alves. Um encontro de histórias delineadas em tempos e propósitos distintos. De um lado, o criador da Quasar Cia de Dança, de Goiás, inquieto e urbano, para quem explorar os limites dos movimentos e suas reverberações no corpo se tornou marca registrada. De outro, a companhia baiana com bailarinos em idade entre 35 e 60 anos, formada em 1981, sob o comando de Antonio Carlos Cardoso, cuja característica foi saber dosar a dança formal às manifestações populares. O trabalho traz como grande riqueza o diálogo em que visivelmente os dois lados foram ouvidos. A estreia foi em agosto passado, no teatro da companhia, em Salvador. Em São Paulo, o grupo fez uma série com três coreografias no teatro do Sesc Vila Mariana, de 10 a 13 de fevereiro. As outras duas, À Flor da Pele, de Ismael Ivo, e 1Por1PraUm, de Jorge Vermelho, atual diretor. (Infelizmente, só vi apenas a primeira, motivo da crítica).


Foi uma peça feita em parceria, nos informa o programa. Rodovalho sugeriu que cada um dos 24 bailarinos resgatasse experiências, gostos e trajetórias. Pediu depoimentos e os gravou. A Quem Possa Interessar inicia-se justamente com as palavras dos bailarinos contando desejos e histórias de vida. Passando de uma a outra confidência, eles dançam sozinhos, acompanhando suas vozes. Não recriam exatamente o que dizem, interagem com as situações narradas, de modo bem humorado e leve. Não é a primeira vez que Rodovalho usa o recurso, em Coreografia para Ouvir, de 1999, uma de suas maiores obras, a Quasar foi buscar nas vozes de artistas regionais motivos para dançar. Mas diferentemente desse trabalho, a atual obra intercala depoimentos com canções, gravadas e ao vivo cantadas pelos próprios artistas.

Rodovalho também imprimiu seu estilo, sem exigir, contudo, que os corpos já mais velhos conquistassem o vigor dos seus bailarinos. Mas está tudo lá, os movimentos a um só tempo pouco simétricos e fluentes, o uso do chão, a luz pontuando a cena, os desenhos coreográficos, o humor. Aproveitou a afinação e colocou a interpretação em cena. Respeitosamente, não expôs nenhum integrante ao que não podiam, não há qualquer habilidade que transpareça buscar um tempo sem volta, de energia e de virtuosismo.

Se Rodovalho entendeu a leveza e o caldeirão cultural da companhia bahiana, os bailarinos retribuíram esforçando-se para devolver corporalmente com seu estilo. Há certa secura e precisão, características do coreógrafo, mas também ginga. Os momentos mais memoráveis estão nesse encontro, em particular quando os homens dançam em conjunto ou quando todos, ao cantar e dançar, ocupam distintas porções do palco.

Em um balé como esse não escapa a dimensão humana e, por se alongar um pouco, o sentimentalismo tira parte do impacto. Não perde, no entanto, o valor de restaurar a dança em seu tempo e lugar.

Veja outros lados da mesma coreografia em Tudo é Dança.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Volta

Agora tenho companhia para o blog. Minha amiga Marcela Benvegnu, do Tudo é Dança, prometeu um diálogo. Vai voltar a postar.

Como a blablablá da história, eu faço coro para a tititi ficar na internet mais tempo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Retrato

Crédito: REUTERS Flauraud Valentin



Muitos sonham com este reconhecimento. Mayara Magri,16 anos, foi vencedora do Prix de Lausanne, Suíça. É a primeira brasileira com esse mérito em um ano que teve no júri Iraticy Cardoso, atual diretora da São Paulo Companhia de Dança, também primeira brasileira a ocupar este papel.
Aparentemente, a natureza lhe favoreceu: tem pernas e braços longos e ótima extensão. Com o trabalho, ganhou beleza nos movimentos e firmeza na execução. E, claro, o carisma. Como muitos bailarinos, Mayara começou a dançar no projeto Dançar a Vida. Que seja apenas o primeiro passo de uma longa carreira.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Companhia

Ela tem uma Companhia. Me diz que é só de criança.

Já não posso participar.




A dança de cada dia

A dança é uma das atividades curriculares de artes das escolas públicas e divide com a música o maior grau de dificuldade para professores. Para dar aulas de dança, é preciso recurso técnico, boa formação, mas para saber movimentar o corpo e usá-lo como ferramenta do dia a dia é preciso despertar para pequenas informações.

Duas atividades gratuitas para professores do ensino regular e arte-educadores mostram como o corpo é aliado na sala de aula. Não são cursos de formação, mas alimentam a consciência para o que anda esquecido em tempos atuais.

Um dos eventos é a Palestra com o Professor, da São Paulo Companhia de Dança, ministrada pela diretora Inês Bogéa, dia 19, às 10h, em São Paulo, na sede da Companhia, com o tema Vida de Bailarino.

O outro é o workshop com Ivaldo Bertazzo, já com as inscrições encerradas, para multiplicadores de seu método, nos dias 11, 18 e 22 de fevereiro.

Foto: Palestra com o Professor
crédito: Divulgação | Wilian Aguiar

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sapatilhas sem agonia

O balé clássico está sempre com os dias contados. Decretar sua morte ou sua inutilidade é provovação certeira de nossos dias.

Só remontar os grandes clássicos é desgastante, mas ficar sem eles é empobrecedor. No equilíbrio entre passado e presente, as melhores montagens procuram a essência, sem esquecer que os corpos são diferentes, as interpretações divergem e o tempo é outro. Há o desafio técnico desses grandes balés - como O Lago dos Cisnes, para usar o exemplo da moda - que se perpetua entre bailarinos, é verdade, e se vulgarizou em certa medida. Contudo, a dança ainda é uma arte que se transmite de corpo para corpo. Grandes companhias sabem disso e não montam uma obra sem um remontador oficial - quem viveu no corpo a técnica, a emoção, a intenção quase sempre em uma linha direta com o coreógrafo. É um dos belos encontros da dança e a história sobrevive nesse movimento entre gerações. Não vale a pena ficar sem esta parte da dança!
Foto: Ulyana Lopatkina and Danila Korsuntsev

Créditos: Natasha Razina and the Kirov/Mariinsky Ballet ©

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mais uma vez

De volta ao blog, sem nunca ter saído da dança.