Aos 59 anos, Mikhail Baryshnikov estreou ontem no Brasil, em Joinville. Há muitas expectativas em torno de seu nome. Na dança, depois de Nureyev (1938-1993), ele é único a ser conhecido e reconhecido além dela. Mesmo quem nunca viu um passo de balé consegue associá-lo aos palcos, uma estrela que transita entre públicos distintos.
Eu o vi dançar em 1998, em São Paulo, em sua turnê com coreografias em comemoração aos seus 50 anos. Não tinha mais as piruetas, os saltos e outras seqüências que o tornaram uma lenda entre solistas masculinos. Mas sua presença no palco ainda era impressionante: a concentração imperturbável, a disposição de deixar todos os passos aparentes, os movimentos precisos, o uso do tronco e dos braços. À época, fiz a seguinte observação em uma crítica no Caderno Fim de Semana, da Gazeta Mercantil, onde trabalhava: "Baryshnikov não é do tipo de bailarino que dança com um certo desprendimento, com ar de que o que está fazendo é muito simples".
Seu carisma parece uma combinação desses atributos porque ele não é sorridente, tem o rosto pálido e fundo, não é alto, é muito magro. Ou seja, foge de qualquer clichê de beleza ou popularidade.
A crítica americana Arlene Croce escreveu certa vez que ele seria um gênio em qualquer arte que se lançasse por sua capacidade de entender e transformar a técnica, um trabalho minucioso de paciência, que inclui dedicação e regularidade. "Deus é paciência", escreveu Guimarães Rosa.
Foto: Marcela Benvegnu
Um comentário:
Flazita, eu sou um tanto quanto ignorante em dança, mas lembro que na minha infância ficava fascinada com o bailar desse russo notável. Seu texto está ótimo!
Seja bem vida a esse mundo de pixels, comments, post e otras cositas más. É um vício bom, pode apostar! Beijo grande.
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