quinta-feira, 19 de julho de 2007

Para além da dança




Aos 59 anos, Mikhail Baryshnikov estreou ontem no Brasil, em Joinville. Há muitas expectativas em torno de seu nome. Na dança, depois de Nureyev (1938-1993), ele é único a ser conhecido e reconhecido além dela. Mesmo quem nunca viu um passo de balé consegue associá-lo aos palcos, uma estrela que transita entre públicos distintos.


Eu o vi dançar em 1998, em São Paulo, em sua turnê com coreografias em comemoração aos seus 50 anos. Não tinha mais as piruetas, os saltos e outras seqüências que o tornaram uma lenda entre solistas masculinos. Mas sua presença no palco ainda era impressionante: a concentração imperturbável, a disposição de deixar todos os passos aparentes, os movimentos precisos, o uso do tronco e dos braços. À época, fiz a seguinte observação em uma crítica no Caderno Fim de Semana, da Gazeta Mercantil, onde trabalhava: "Baryshnikov não é do tipo de bailarino que dança com um certo desprendimento, com ar de que o que está fazendo é muito simples".

Seu carisma parece uma combinação desses atributos porque ele não é sorridente, tem o rosto pálido e fundo, não é alto, é muito magro. Ou seja, foge de qualquer clichê de beleza ou popularidade.

A crítica americana Arlene Croce escreveu certa vez que ele seria um gênio em qualquer arte que se lançasse por sua capacidade de entender e transformar a técnica, um trabalho minucioso de paciência, que inclui dedicação e regularidade. "Deus é paciência", escreveu Guimarães Rosa.



Foto: Marcela Benvegnu


Um comentário:

Ana K. disse...

Flazita, eu sou um tanto quanto ignorante em dança, mas lembro que na minha infância ficava fascinada com o bailar desse russo notável. Seu texto está ótimo!
Seja bem vida a esse mundo de pixels, comments, post e otras cositas más. É um vício bom, pode apostar! Beijo grande.